quarta-feira, 8 de junho de 2011

Sonetos para amar em novas dimensões




          Zilda
    (Reconciliação)

Se eu te dissesse isso que me dizes
quanta tolice ias ouvir calada;
se os grandes amores vivem suas crises
tudo eu te ouço e não digo nada.

Em cada frase um fio de espada
me faz sangrar sem  deixar cicatrizes;
vejo tua raiva, penso dar risada
pois até brigando nós somos felizes.

Somos a mistura de pólvora e fogo
que se atrai pelas chamas da paixão
e se propaga sob risco d´explosão...

Vivemos desafios, um grande jogo,
numa plêiade de ternura e fervor
entre gotas de ódio e oceanos de amor...






         Telma
       (Ilações)

Dizes, em pranto, que ainda sou teu
que d’árvore do amor sou fruto bendito
que homem no mundo quem existe sou eu
e que eu sou o teu sol no céu infinito.

Dizes, sorrindo, que teu corpo é meu
e que se eu quiser me dás por escrito.
Creio em ti como em anjo um ateu
pode mentir, vou fingir que acredito...

Dizes as coisas que quero ouvir.
Tua voz  s’espalha poluindo o ar
quem muito diz pouco tem pra escutar.

E assim, cansado de vê-la mentir
sigo pensando, olhando a imensidade:
-Ter o seu amor, quem me dera ser verdade...!





         Silvana
(O tempo nos levou em suas asas)

Foi amor fugaz que tive com Silvana
vertia coragem em forma de pejo.
Dizia não querer e quase me engana,
quando a beijava engolia o meu beijo...

Ela gemia, nos quadris tinha molejo,
o céu era meu quando eu era de Silvana.
Foi fugaz enquanto eterno o desejo
somando o tempo não foi uma semana...

Tudo que é bom, não sei, dura tão pouco,
parece que, qual obra-prima em tela,
foi um século que fiquei com ela.

Mas, perder essa mulher me deixa louco!
Sinto em mim, qual força sobre-humana,
um arrepio quando lembro de Silvana!





           Sandra
     (Voz do silêncio)

Ao estender minha mãos sob o lençol
procurando achar o teu corpo ausente
sinto vibrar, qual no céu o arrebol,
sob tuas roupas frias o lugar ainda quente.

Fugiste... E quem foge tá descontente
como um peixe preso no anzol;
ficou um grande vazio, de repente,
como se a luz se apagasse do sol.

É assim o amor, um prêmio de quem vence-o.
Eu o perdi.  Eis o silêncio ao meu lado
dizendo “que eu perdi sem ter lutado!”.

Entendo, agora, o que nos diz o silêncio
quando choramos o amor de quem nos ama
no imenso retângulo de uma cama...





             Ruth
   (Dois sentimentos)

Uma parte de mim ri, a outra chora.
Sofro, num conflito que não tem fim
sem entender por que dentro de mim
uma parte te odeia, a outra te adora.

Será, Deus meu, que devo viver assim
entre a alegria e a dor que me devora;
sofrer por dentro e ser feliz por fora
dando sangue bom pr’um corpo ruim?

Quem, quem pode ser dois num só momento
ter dois ideais dentro da própria mente
ser feliz e triste simultaneamente?

Sinto, em mim, esse duro sentimento
que me faz, num espelho de contraste,
duas flores desiguais na mesma haste.

     Inácio Dantas
Do livro © “Janela para o Mar

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