sábado, 26 de maio de 2012

Sonetos Labirinto do meu corpo...



         Divisão

     Vivemos numa luta constante
contra o ”eu” que há dentro de nós...

Quem é este eu que tá em mim agora
em quem me fiz por estar desatento?
Pra ser quem sou não se faz na hora
se precisam anos de ensinamento...

Quem é esse em mim se sou eu por fora
ou seremos um no mesmo momento?
Se não é ele, eu, por que me ignora
e quer pensar por mim no meu pensamento?

Afinal, qual dos dois é ele, qual sou eu?
Não por mim, mas por ele com tal zelo
pois se eu sou ele como hei sabê-lo?!

Nutro, assim, a dúvida que me nasceu:
-Deus, como dividir dentro da gente
nosso ser real e o subconsciente...?



          Labirinto

     O amor que planto no teu peito
frutifica no meu coração.

Sempre terás o amor qu´eu tiver
mesmo de mim o teu querer distante.
Meu amor é ouro, luz flamejante,
que o mundo é nada ante o seu valor.

Terás de mim paixão transbordante
pois ardendo n'alma tem fogo e calor.
E nos lábios teus, dos meus o sabor,
pra de mim lembrares a todo instante.

Terás de mim o manto do aconchego
de Merlin águas do rejuvenescer
e a guardar-te o broquel de um deus grego.

Se pouco for, sentirás o que eu sinto
no teu corpo, uma viagem ao prazer,
qual perdido dentro dum labirinto...



          Febo 

     É o nascer do sol
a síntese do esplendor!

Uma luz viaja sob o céu escuro
fogo vivo no breu da imensidão
refletem seus raios ouro mais puro
cetro e coroa, um rei no panteão.

Eis o sol! Toque suave no chão duro,
d' abóboda celeste o guardião,
dos anais do passado traz o futuro:
Dos homens é a terra - o mar de Tritão!

Detrás do horizonte, num breve exílio,
a mãe natureza o embala no colo
e surge festivo nas mãos de Apolo.

Aos poucos a treva veste seu brilho,
saem das serras gigantes de sombra
e se evolam num mar de alfombra...






          Old Passion

      O castelo do amor
tem portas para a lua do desejo
e janelas para o sol da paixão...

É velha a paixão, mas inda carrego-a
e revivo-a no esplendor da sua glória.
Hoje guardo-a em mim, dou uma trégua,
coração vai em nova trajetória...

Reinvento alguém a lápis e régua
flor singela, beleza incorpórea,
ponho lentes do amor, não enxergo-a,
paixão sem luz é chama ilusória...

Leva-a o mar da paixão, em branca vaga,
ó paixão, se o fulgor levado foi-te
sempre um novo dia sobrepõe a noite!

É velha a paixão, sol que não se apaga,
cá dentro do peito vulcão dormente
a explodir em lavas, de repente...



Inácio Dantas

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